Isolamento social tem efeitos positivos em indivíduos mais ansiosos, indica pesquisa da PUC-Rio

Saúde

Embora o isolamento social seja geralmente associado a impactos negativos na saúde mental, uma pesquisa recente aponta que, para indivíduos com certos tipos de ansiedade, ele pode trazer benefícios significativos. O estudo, conduzido no Laboratório de Neurociência Comportamental do Departamento de Psicologia da PUC-Rio, utilizou modelos animais para investigar os efeitos da solidão em diferentes perfis comportamentais.

Assim como em outras espécies sociais, os seres humanos se desenvolvem por meio da convivência e das interações ao longo da vida. Por isso, há grande preocupação com os efeitos da solidão prolongada na saúde física e emocional. No entanto, o estudo revela que o isolamento pode ter efeitos distintos dependendo das características individuais de cada um.

Pessoas com transtornos de ansiedade muitas vezes enfrentam grandes dificuldades nas interações sociais. É comum que relatem sensação de alívio ao se afastarem do convívio social, e, em alguns casos, esse afastamento pode ser benéfico. A pesquisa observou que, em cobaias com comportamento ansioso, o isolamento reduziu sinais de estresse e melhorou o comportamento geral — um resultado contrário ao que foi observado em animais sem essa predisposição, nos quais a solidão agravou os sintomas emocionais.

Os pesquisadores destacam que essa resposta diferenciada pode estar relacionada à “ansiedade-traço”, uma característica presente em algumas pessoas que as torna mais suscetíveis ao estresse, à depressão e menos responsivas a certos tratamentos. Apesar de ser um fator relevante, a ansiedade-traço ainda é pouco explorada em modelos experimentais usados para entender os transtornos mentais.

A ansiedade e a depressão estão entre os problemas psicológicos mais comuns no mundo, frequentemente coexistindo e impactando profundamente a qualidade de vida. A ansiedade é marcada por medo intenso e preocupação constante, enquanto a depressão envolve tristeza persistente, perda de interesse e irritabilidade. Ambas as condições comprometem o funcionamento diário dos afetados.

Diante disso, os pesquisadores defendem que, para desenvolver tratamentos mais eficazes, é essencial compreender as bases neurobiológicas das interações sociais e respeitar as diferenças individuais. Em vez de encarar o isolamento como vilão absoluto, ele pode ser, para alguns, uma forma de alívio — desde que acompanhado de acompanhamento profissional e estratégias adequadas.

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